sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Os Impactos do Carnaval

Por um Carnaval mais sustentável


Por Marilena Lino de Almeida Lavorato




Enquanto o brilho e o luxo do carnaval contam histórias, encantam pessoas e atraem multidões, uma grande geração de lixo e impactos acompanham o ritmo da folia.

Muitas vezes, enquanto o amor a natureza é cantado em prosa e verso por escolas de samba, a consciência ecológica é colocada a prova na produção e gerenciamento dos resíduos que produz. E como sempre, ficamos no discurso , e pior, desafinado com a realidade.

Os números do carnaval no Rio e em Salvador


Numa rápida pesquisa por números pela internet  observamos o crescimento da geração dos resíduos em grandes capitais com tradição em festas carnavalescas.

Em 2011, o Rio de Janeiro produziu aproximadamente 900 toneladas de lixo, registrando um crescimento de 12% em relação a ano anterior.

Em Salvador, foram quase 1.400 toneladas de lixo gerados, e mais de 6 milhões de litros de água e 7 mil litros de aromatizantes limpar e higienizar as ruas.  Em 2010, Depois dos dias de folia do carnaval de Salvador, mergulhadores da Global Garbage, ONG que combate o descarte de lixo nos oceanos, ficaram assustados com a quantidade de latas de cerveja e garrafas plásticas encontradas no fundo do mar do mar nas imediações do Farol da Barra.

E para os foliões que optarem pela folia em alto mar em um cruzeiro marítimo o saldo será maior ainda. Segundo dados da ONG “Friends of the Earth”, que calculou o passivo ambiental de cruzeiros s informa que um cruzeiro comum de uma semana de duração, gera mais de 50 toneladas de lixo, utiliza 3,8 milhões de litros de água (vindas da cozinha, dos chuveiros e da lavanderia), gera 795 mil litros de esgoto e 95 mil litros de água contaminada com óleo. Em média, cada passageiro produz 3,5 quilos de lixo por dia – aproximadamente quatro vezes mais que um cidadão em terra.


Divertir com Responsabilidade e consciência ambiental


Fica claro que a natureza serve para inspirar escolas e foliões, mas não é capaz de motivá-los a repensar seus atos. O alto consumo de produtos descartáveis como latas de cerveja e refrigerantes, garrafas de água, e embalagens de todos os tipos representa uma grande participação no volume de lixo produzido e descartado erroneamente, causando impactos ao meio ambiente e aumentando o custo da coleta e armazenamento para o cidadão que paga por este serviço.  



Seguramente daqui uma semana teremos os números da geração de resíduos e consumo de água em cidades com forte tradição em carnaval, que certamente  não nos agradarão.  

Com a PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos aprovada em 2010 (depois de tramitar por mais de 20 anos no congresso) e com prazo ate agosto de 2014 para sua implantação total, acreditamos que esta situação melhore, por amor (motivação/educação) ou pela dor (punição/multa).

Enquanto isto não acontece, fica a questão: Em vez de cantarmos em verso e prosa a beleza da natureza não será mais eficaz ensinarmos e motivarmos as pessoas a adotarem práticas menos insustentáveis e mais responsáveis para sua preservação?  Quem sabe alguém coloca esta feliz ideia em prática neste carnaval.  


Divirtam se com responsabilidade e consciência ambiental. Bom Carnaval 2012. 




(*) Marilena Lino de Almeida é especialista em Gestão da Sustentabilidade, Organizadora do Programa Benchmarking Brasil, Diretora da Mais Projetos e Presidente do Comitê de Sustentabilidade do Instituto MAIS.


PS: Hoje é 6a feira. Dia de comentar um tema relevante e atual da sustentabilidade. 

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